Neste artigo falaremos sobre a crise de 1929, que levou a um dos maiores períodos de recessão econômica no século XX. Trataremos dos motivos reais da crise, das consequências e da história que, provavelmente, seu professor não te contou na escola.
1º: É verdade que a culpa da Crise de 1929 foi do Livre Mercado e do Liberalismo econômico?
A narrativa dos intervencionistas é de que, resumidamente, a superprodução causada pelo hiper consumismo da população americana, o protecionismo europeu e o baixo salário dos funcionários ocasionaram uma oferta muito maior do que a demanda. Isso provocou a diminuição extrema dos preços que, juntamente com a emissão de crédito fácil pelos bancos, resultou em calotes, em uma grave farra especulativa e, consequentemente, na quebra dos bancos. Tudo isso, segundo a narrativa Keynesiana, ocasionou a grave depressão que só teria sido resolvida anos mais tarde com o New Deal.
A realidade é que o New Deal não resolveu nada! Muito pelo contrário. Ele prolongou a crise desde o ano em que o plano foi implantado (1937) até 1946, quando o governo americano retomou medidas de cunho liberal.
A excessiva burocracia do governo para fiscalizar a produção, o maior gasto das empresas com maiores salários, e a fuga de capitais causada pelo aumento dos gastos do governo fizeram com que o custo de produção aumentasse enquanto o mercado ainda não havia corrigido a baixa de preços e a fuga de capitais. Tais medidas, adotadas com o New Deal, travaram ainda mais a economia. Então, como o plano vendido como solução corrigiu o “problema” do livre mercado, se a história prova justamente o contrário?
2º: Os erros da intervenção do Estado durante a grande depressão:
Antes de continuar a análise é necessário fazer um questionamento: é normal uma queda na bolsa de valores, por maior que seja, causar 15 anos de depressão? A resposta é: NÃO!
Em 1921 houve uma queda de 22% na bolsa, 5% a mais do que a queda ocorrida em 1929, no entanto, a crise durou apenas 2 anos. Então porque a queda de 29 durou tanto tempo? Por causa das políticas intervencionistas dos presidente Herbert Hoover (1929 – 1933) e Franklin Delano Roosevelt (1933 – 1945).
Vamos começar falando das intervenções feitas por Hoover. Na época, por causa da queda substancial dos preços, causada pela superprodução, as empresas precisariam gastar menos para se adequarem à política de preços e, assim, revertessem a situação e evitassem falências (o que ocorreu em 1921; por isso e por outros motivos, que serão citados posteriormente, a crise não foi severa e durou pouco). O mesmo não ocorreu em 1929, pois Hoover impôs políticas intervencionistas que proibiram as empresas de cortar salários, atendendo às pressões dos sindicatos. Com isso, muitas empresas tiveram que demitir funcionários para manter os salários altos, o que provocou mais desemprego. Outras faliram por não suportar as condições da época, já que a superprodução fez a oferta de produtos aumentar, os preços baixarem e o faturamento cair. Além dessa intervenção nos salários, houve a taxação de produtos importados da Europa – as importações são fundamentais para a economia de um país, pois este não utiliza apenas recursos nacionais para produzir –, o que encareceu ainda mais a produção. Juntando isso aos calotes sofridos pelos bancos (que quebraram por consequência) e ao endividamento de setores da população, a crise que teoricamente seria resolvida com a intervenção estatal na economia só piorou.
Todo esse resultado negativo teria sido evitado caso as empresas pudessem ter reduzido os salários dos seus funcionários para se adequarem à política de preços e realizado apenas as demissões necessárias para diminuir o custo de produção (pois geralmente as empresas contratam mais para poder produzir mais e, se o objetivo é produzir menos, continuar com um número maior de funcionários só mantem altos os gastos delas). E isso só seria possível se o Estado tivesse reduzido sua participação na economia por meio da diminuição de gastos e dos impostos e da isenção de taxas de importação – como ocorreu em 1921 –, o que impediria a fuga de capitais e reduziria os gastos das empresas.
Porém, não foi isso que Hoover fez. Além de manter as tarifas de importação e proibir as empresas de cortar salários e realizar demissões, ele decidiu, por meio de um plano econômico intervencionista de 9 metas, aumentar os gastos estatais, por meio de obras públicas, e aumentou também os impostos, que foram de 25% para 63%, fato que só piorou a crise.
Seu sucessor, Roosevelt, prolongou a crise de 1937 até 1946 com o New Deal.
3º: Mas o que realmente causou a crise?
O que foi fundamental para a crise ocorrer foi a política monetária do Federal Reserve, que decidiu emitir dinheiro, diminuindo artificialmente os juros de 6% para 3,5% ao ano (uma redução de 42%). Tal medida aumentou muito a especulação, fazendo com que em 1928 o Federal Reserve aumentasse os juros para acabar com a farra especulativa, ocasionando uma diminuição dos empréstimos e o endividamento de acionistas. Tudo isso culminou na queda substancial na bolsa em 1929, no dia conhecido como “terça-feira negra” que deu início à crise. Além disso, outras razões já mencionadas anteriormente contribuíram para a crise.
Ah! Mas e o aumento dos juros por parte do Federal Reserve, como resolver isso? Primeiro, o aumento foi, apesar de prejudicial, necessário para barrar a farra especulativa; segundo, com a adequação das empresas à queda de preços e a correção da superprodução, a bolsa se estabilizaria e, com o tempo, as ações voltariam ao preço normal, permitindo o retorno da estabilidade econômica, como ocorreu em 1921.
Os intervencionistas ainda dizem: “Ah, mas o que causou a superprodução foi justamente a baixa dos salários”. Não, os salários não eram baixos, pois a pressão dos sindicatos era grande. As reais causas da superprodução foram as taxas protecionistas europeias sobre as exportações americanas e o alto consumo da população americana depois do progresso econômico após o fim da crise de 1921.
Escrito por Leandro Texeira.
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