Essa semana foi particularmente mais quente que o usual para o governo do presidente Bolsonaro, seja pelo fogo que assola a floresta Amazônica ou pelas suas declarações. Não quero aqui nesta coluna fazer uma defesa intransigente do Bolsonaro ou de seu governo, não é essa minha intenção, e tenho certeza de que existem pessoas mais qualificadas do que este humilde autor para fazê-lo.
Todavia, quero deixar registrado que, mesmo tendo votado no supracitado, não tenho apreço pela cegueira personalista que acomete a alguns indivíduos. Votei em Bolsonaro por conta de suas ideias, e ponto final. Mantenho — ou pelo menos tento — manter minha sanidade no meio dos Bolsonaristas, tarefa que não é fácil, mas parto da premissa de que devemos sempre aplaudir os acertos e repudiar os erros.
No tocante à polêmica da semana, as declarações de Bolsonaro foram infelizes e a forma como ele encarou a situação não contribuiu em nada, pelo contrário, aprofundou ainda mais uma crise institucional que impera no governo federal. É verdade que Bolsonaro venceu as eleições, mas o meio cultural ainda está longe de se desvencilhar dos grilhões progressistas. Artistas, mídia e intelectuais inebriaram-se com a chama do ativismo político ecológico, tomaram para si a defesa de uma bandeira legítima, todavia, valendo-se de argumentos escusos, desonestos e inflamados por um ódio doentio ao Bolsonaro, queimaram a verdade e o bom senso.
Não é verdade que a Amazônia é o pulmão do mundo, nem tão pouco as centenas de fotos postadas por ativistas ecológicos condizem com a realidade. O cenário é desolador, preocupante e alarmante, mas não serão hashtags empoderadas ou pinturas corporais que irão apagar as chamas que consomem a floresta amazônica. O governo federal está passando por uma crise financeira e não dispõe de recursos material e humano para dar conta da imensidão da área queimada. Alemanha e Noruega suspenderam recursos que eram doados anualmente para a preservação da floresta por conta do descontrole nos índices de desmatamento e, em resposta, Bolsonaro afirmou que não precisa do dinheiro desses países. A língua de fogo do presidente é algo de causar inveja aos seus opositores; ao invés de abrasar o problema, ele mesmo inflama seus adversários políticos.
Entretanto nem só de erros tem vivido o governo nessa última semana. A postura combativa a favor da soberania do território Brasileiro é algo louvável e tende a transmitir uma imagem de maturidade política para o mundo. O comentário de Bolsonaro a respeito da participação de ONGS nas queimadas, em um primeiro momento pareceu uma sandice sem tamanho e foi motivo de chacota nacional e internacional. Pórem, em reportagem divulgada pelo Globo Rural no dia 25 de agosto, um grupo de Whatsapp foi organizado para convocar o “dia do fogo’’ na região do Altamira, localizado no estado do Pará. Segundo investigações iniciais da polícia, o grupo reunia sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros que combinavam ações de queimadas nas margens da BR-163. Uma pecuarista que foi entrevistada pelos jornalistas da Globo afirma que o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade está por trás da início dos focos de incêndio. Uma notícia alarmante como tal, caso seja confirmada sua veracidade, seus culpados precisam ser punidos de forma severa e no rigor da lei. Esses indivíduos são criminosos que articulam contra o governo e estão dispostos a destruir o patrimônio Brasileiro em nome de uma ideologia nefasta. Parece-me que a sugestão do ex-senador Lindbergh Farias (PT), de ‘’incendiar o Brasil’’ caso Lula fosse preso, está sendo seguida à risca.
A luta pela qual passa o governo Bolsonaro vai além do campo das ideias ou, como dizia Bastiat, um dos grandes pensadores do Liberalismo.
‘’ Na esfera econômica e política, um ato, um hábito, uma instituição, uma lei não geram somente um efeito, mas uma série de efeitos. Dentre esses, só o primeiro é imediato. Manifesta-se simultaneamente com a sua causa. É visível. Os outros só aparecem depois e não são visíveis. Podemo-nos dar por felizes se conseguirmos prevê-los’’.
Encerro afirmando que o governo federal já possui muitos inimigos declarados, e outros tantos que estão inseridos em seu seio. A batalha pode ter sido vencida, mas a guerra de narrativas está apenas começando e muita lenha ainda vai queimar, seja na Amazônia ou no palácio do planalto. Independentemente de qual seja o lugar, quem perde com esse fogaréu é o povo Brasileiro que vê transformado em cinzas o futuro de um país melhor.
Por: Leonardo Lisboa
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