Há algo de podre no PSL Sergipe – Prof. Leonardo Lisboa.

William Shakespeare é sem dúvidas o maior dramaturgo de todos os tempos. Escreveu uma miríade de versos que usamos diariamente e muitas vezes não nos atentamos que foram escritos pelo grande bardo de Avon. Hamlet é certamente uma das suas maiores peças e acaba por despertar uma inifinidade de sentimentos e emoções nos leitores até hoje, mesmo tendo sida escrita há mais de 400 anos. É nesse grande clássico da literatura universal que irei me ancorar para escrever este humilde texto comentando sobre as últimas notícias que envolvem o PSL aqui no estado de Sergipe.

Antes de mais nada, vamos aos fatos já amplamente divulgados pela mídia Sergipana. Julian Lemos, deputado federal pelo PSL e vice-presidente da sigla, esteve na cidade alguns dias atrás para resolver os impasses referentes ao partido. Em uma reunião com a diretoria estadual e municipal ele decidiu por remover Waldir Vianna da presidência e encerrar com os planos de João Tarantella lançar-se candidato a prefeito pelo partido do presidente Jair Bolsonaro. O vice-presidente utilizou como argumento central da sua decisão que os conflitos públicos entre Tarantella e Waldir estavam desgastando a imagem do PSL no estado, e optou por transferir o comando estadual do partido para o deputado estadual do PTB, Rodrigo Valadares.

Não preciso me demorar aqui explanando o passado obtuso de Rodrigo Valadares, convido o leitor a fazê-lo por conta própria e verá que em matéria de honestidade ideológica, partidária e até mesmo religiosa, Rodrigo é mais um político camaleão, disposto a mudar de cor quantas vezes forem necessárias para manter-se no poder. Tal como Claudius arquitetou o assassinato do Rei Hamlet para usurpar o poder, tenho razões que me levam a crer que Rodrigo Valadares fez o mesmo com Waldir Vianna, aproximando-se dele e do seu grupamento político para somar-se ao PSL e vislumbrar uma tomada do partido. Waldir Vianna caiu, Tarantella também foi convidado a se retirar, mas ambos, antes inimigos declarados, parecem estar dispostos a se unir contra um inimigo maior, como naquela máxima: ‘’O inimigo do meu inimigo é meu amigo’’.

Voltando à peça de Hamlet, o Rei Claudius assume o trono após a morte do rei Hamlet, mas não senta no trono com propriedade, pois o príncipe ainda está vivo e desconfia de que o tio tenha sido o mentor da morte do pai. Tal como na peça, Rodrigo Valadares é lider do PSL, mas não pode assumir por conta do mandato e, conforme notícias na mídia do estado, esse passará o comando do partido para seu querido irmão, Fábio Valadares, o que só reafirma o quanto Sergipe ainda está longe de se desvencilhar de sua cultura coronelista. Que os Valadares são uma oligarquia política em nosso estado não é uma novidade, mas é de assombrar qualquer um que isso tenha sido feito à luz do dia. Movimentar um partido político dessa forma é questionar a inteligência do cidadão que votou em Bolsonaro e que se identifica com as ideias de direita, um movimento político que em nosso estado vem buscando um lugar ao sol, de forma idônea e transparente e acima de tudo sem fazer concessão com a esquerda.

Assim como em Hamlet, alguns súditos não obedecem ao regicida que chegou ao poder utilizando-se de meios obscuros, a Direita Sergipana não irá compactuar com esse ato; não iremos nos unir a um ‘’camarada’’ que ano passado era Lula Livre e que agora deseja portar o bastião da Direita Liberal.

Rodrigo Valadares, não basta inscrever-se em um curso liberal para ser um, é necessário mostrar atitudes, comprometimento com a causa, militar nas ruas em prol do liberalismo, como os movimentos têm feito nos últimos anos e, para ser sincero, o senhor nunca foi visto nas ruas, tão pouco algum dos seus assessores. É necessário sentar o traseiro na cadeira e estudar sobre a filosofia do liberalismo, compreender os pensamentos fundamentais dessa doutrina e entender que comandar um partido e colocar o irmão para controlar um outro não é uma atitude liberal, é uma ação autoritária e anti-democrática, tudo pelo poder e em nome do poder, como escreveu Mussolini. Mas sua atitude não é de se estranhar, para quem estava usando boné do MST um tempo atrás, o senhor me parece ter aprendido a lição correta: tomou o partido e, como não poderia ocupar o terreno pois já preside um partido, deixou seu irmão como mandatário do terreno. Guilherme Boulos certamente está muito orgulhoso de tamanha astúcia.

Retomando Shakespeare, não devemos esquecer de Polonius, o conselheiro do rei que jurou lealdade ao rei Hamlet enquanto trabalhava nos bastidores para que o rei Claudius usurpasse o poder. Essa personagem pode ser personificada na liderança de um movimento de Direita que outorgou para si o título de liderança e idealizador do ‘’Blocão de Direita’’. Ouso afirmar que nem Shakespeare imaginaria escrever a cena que ocorreu em um restaurante luxuoso da orla de Atalaia, onde nosso Polonius foi confrontado publicamente sobre sua cumplicidade em toda a trama. A comida não deve ter descido muito bem para alguns presentes; o vinho amargou, o caldo engrossou e o jantar acabou. Como testemunha ocular da cena, até hoje me pergunto: quem será que pagou a conta? Essa eu não sei responder, visto que Julian Lemos, Rodrigo Valadares e um vereador da cidade de Aracaju partiram em debandada. A arte, por mais fascinante que possa ser, sempre acaba sendo superada pela vida real — esta, sim, é capaz de nos surpreender a cada segundo.

Assim que a notícia do jantar indigesto começou a circular nos grupos de Whatsapp, uma movimentação estranha começou a acontecer. Na peça de Shakespeare, Hamlet possui alguns amigos que são cooptados pelo rei para convencê-lo de que desconfiar do seu tio Claudius é uma ideia delirante e que não faz sentido algum se opor ao novo rei e buscar o conflito. A mesma situação aconteceu em nosso estado quando alguns falsos ‘’movimentos de Direita’’ passaram a defender o nome de Rodrigo Valadares como ícone da nova Direita, tudo arquitetado previamente para evitar o desgaste natural de Rodrigo Valadares ao assumir o PSL. Tal como Hamlet foi enviado para longe do reino a fim de evitar conflito na corte, a situação se repetiu quando alguns membros do Direita Sergipana foram sumariamente expulsos quando passaram a apresentar os elos de Rodrigo Valadares com a esquerda. Nada mais sensato que o novo rei do PSL queira jogar para debaixo do tapete seu passado sujo, não o condeno por isso. Mas peço que lembre-se que tal como Hamlet na peça do grande Shakespeare, não iremos desistir do combate político, uma batalha foi vencida, e por isso parabenizamos publicamente sua excelência Rodrigo Valadares.

Encerro afirmando que quem é de verdade sabe quem é de mentira, quem saiu às ruas para defender Bolsonaro, quem fez campanha sem ganhar um centavo em troca, quem sofreu perseguição ideológica por declarar apoio a Jair Bolsonaro, sabe que Rodrigo Valadares e sua trupe não representam os movimentos de direita. Estes podem até comandar o PSL Sergipe, mas um barco com um capitão inapto e marinheiros submissos ou que não acreditam verdadeiramente no seu líder, tende ao naufrágio, pois, parafraseando Shakespeare, existe algo de podre no PSL Sergipe, e isso será a causa do seu naufrágio.

Eu já pulei do barco; quem será o próximo a me acompanhar?

Essa nota foi assinada por todos os movimentos que compõem o blocão de Direita.

Prof. Leonardo Lisboa
Presidente do Instituto Liberal de Sergipe

Prof. Gerlis Brito
Movimento Nas Ruas Sergipe

Flavio Oliveira Rodrigues
Movimento Direita Sergipana

Lícia Melo
Rede Bem Querer

Cleber Correia
MBL-SE

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