Essa é a “nova direita” que quer a prefeitura de Aracaju? – Gerlis Brito.

No dia 7 de agosto de 2019, o site jlpolítica.com.br divulgou a seguinte matéria: “Rodrigo Valadares defende frente de centro-direita para sucessão em Aracaju”. O texto tratava da formação de uma frente de centro-direita na política de Aracaju para apresentar um candidato único à sucessão de mandatário da gestão municipal no ano que vem e enfrentar a tentativa de reeleição do prefeito Edvaldo Nogueira, PC do B. Pois bem, cabe esclarecer quem é quem neste cenário que tentam desenhar para as eleições municipais do ano que vem.

Nos EUA, esquerda e direita são representados por dois partidos antagônicos, hegemônicos internamente e bem definidos ideologicamente: os democratas (esquerda) e os republicanos (direita). Como exemplo, o atual presidente Donald Trump pertence ao partido republicano e por conseguinte, é um defensor aguerrido de todas as ideias conservadoras e liberais que são a base da direita no mundo inteiro.

No Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) os dois partidos com maior representação nas casas legislativas, são o partido conservador (direita conservadora, cristã e liberal) e o partido trabalhista (esquerda progressista). No parlamento da União Europeia não é diferente: as matizes ideológicas são definidas entre socialistas progressistas e conservadores liberais, sem nenhuma ideia que fuja a estas vertentes políticas e que possam dar uma conotação de meio termo ou um “centro” que possa colocar um pé num barco e outro no outro.

No mundo desenvolvido não há lugar para “centrão” ou “centro”, figuras de linguagem que aparecem convenientemente na política brasileira para designar com eufemismo a ala de partidos e políticos que tem uma relação de “satisfeitos e disponíveis” para com o governante que pagar mais e esteja disposto a dividir os benefícios do poder, distribuindo verbas, cargos e favores em troca de apoio. O “centro” é a velha política fisiológica, apenas isso, e isso basta para o nosso repúdio.

Uma narrativa popular demonstra bem o que se pode chamar de “centro”, ei-la: um homem morre e ao chegar do outro lado se encontra em cima de um muro que divide o céu e o inferno. Do lado do céu, os anjos, os santos e os salvos gritam pra que ele desça do lado deles e receba a salvação e o paraíso por todos sonhados aqui na terra. Do outro lado, o diabo e os demônios num silêncio absoluto, nada dizem, calados, só observam. O homem, intrigado, resolve perguntar ao diabo o porquê de tamanha quietude e tranquilidade, ao que o diabo lhe responde: o muro é meu!

O meio termo na política está para a hipocrisia velada e ambiciosa, assim como o diabo está para o muro. O “centro” é o muro que pertence ao diabo. Nele a direita conservadora não escala e nem monta. Agora vamos entender o que querem dizer por “nova direita”.

Ora, com as pautas do governo sendo aprovadas, as reformas sendo feitas, o país avançando sob a direção da direita representada pelo governo Bolsonaro, o esfacelamento da esquerda e de suas bandeiras contra a família, contra os costumes morais da sociedade brasileira, contra a livre inciativa, a favor do Estado interventor na economia, controlador e definidor dos direitos individuais do cidadão: a esquerda que defende criminosos condenados por corrupção tende a ser cada vez mais execrada pelo eleitor que não aguenta mais a cantiga fraudulenta, rotuladora e desagregadora da sociedade que a esquerda promove. Percebendo isto, os políticos mais que espertos e oportunistas, tentam agora cobrirem-se com o manto de “nova direita”.

Com a vitória de Bolsonaro para a Presidência da República, o país tem agora o seu primeiro governo legitimamente de direita depois do término do regime militar encerrado em 1985. De lá para cá, alternaram-se no poder, partidos e políticos de esquerda ou de centro-esquerda, como se costuma nomear o espectro político socialdemocrata.

Pegando carona na eleição de Bolsonaro e numa explícita rejeição a tudo que a esquerda representa e ao que o eleitorado manifestou nas urnas, se elegeram vários senadores, deputados federais e estaduais, que surfaram a onda da direita, sem ao menos sequer deixar para trás o ranço esquerdista que sempre os acompanhou e que ainda se manifesta nas atitudes declaradas por discursos e pautas progressistas declaradamente de esquerda. O texto da reportagem diz que Rodrigo Valadares já vislumbra nomes da nova direita para este contexto de onde deva sair o candidato, e vê a coordenação dessa frente sob o comando do senador Alessandro Vieira do Partido Cidadania. Vamos então saber do que se trata essa “nova direita”.

Que “nova direita” é esta?…, perguntamos nós dos movimentos de rua que formamos o Blocão de Direita em Sergipe com atividades que se definem pela luta por uma política séria e transparente, que represente os anseios do povo que trabalha para sustentar a classe política, e que não tenha nenhuma mácula da velha política ou semelhança com ela e seus políticos fraudulentos.

Esta “nova direita” é aquela em que políticos com mandatos nas atuais legislaturas, e que nas últimas eleições estiveram apoiando para senador o candidato do PT, Rogério Carvalho, estão agora posando de novos representantes da direita? É esta “nova direita”, aquela em que o deputado Rodrigo Valadares posa para fotos divulgadas em redes sociais ao lado de Márcio Macedo fazendo o “L” de Lula livre?

Ou seria essa “nova direita” aquela que percebendo que o povo está do lado da verdade e contra os acordos politiqueiros e promíscuos para divisão do poder, rejeita-os, e por isso mesmo, agora querem trazer para si o nome de “nova direita”. No passado, os mais velhos mandavam ter vergonha na cara. Nos tempos atuais, dizemos: “se toque”, “nada a ver”, “se oriente”, “ei, pegue a reta”.

Tivemos a ingrata surpresa de ver assumindo a executiva do PSL – Partido Social Liberal, em Sergipe, a figura do Deputado Estadual Rodrigo Valadares. É ele a “nova direita”? Os fatos, as fotos e toda a sua trajetória de apoio às pautas de esquerda, ao PT e aos amigos petistas, comprovam sem dúvida razoável ou equívoco refutável, que não.

O político deve ser sempre um homem de ideias. Se tivéssemos a oportunidade de debater com Rodrigo Valadares as ideias de direita, ele certamente não duraria cinco minutos no debate, porque de direita, a conservadora e liberal, a direita institucional, que não dialoga com a esquerda e quer dela toda a distância possível, dessa direita, ele definitivamente não é. Ele pode ser tudo, menos de direita. A “nova direita” serve apenas, aos oportunismos baratos sem qualificação e fundamentação.

[*] Assinam o texto – Movimento NasRuas Sergipe – Gerlis Brito; Rede Bem Querer – Lícia Melo; Movimento Direita Sergipana – Flávio Rodrigues; Instituto Liberal de Sergipe – Leonardo Lisboa, e Movimento Brasil Livre Sergipe – Cléber Correia.

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